Saturday, March 7, 2015

MAYWEATHER vs PACQUIAO, UM COMBATE MILIONÁRIO

O pugilista norte-americano Floyd Mayweather Jr. e o filipino Manny Pacquiao, vão finalmente defrontar-se a 02 de Maio de 2015, no MGM Grand Hotel & Casino em Las Vegas, Nevada.
No combate, estarão em jogo os cinturões de Campeão do Mundo na categoria de welterweight (66.7 kg), das versões WBA (Super), WBC, The Ring e WBO.
Mayweather, com um impressionante record de 47-0-0, 26 KOs (47 combates, 0 derrota, 0 empate, 26 KOs), e Pacquiao 57-5-2, 38 KOs, são, há mais de cinco anos, universalmente aclamados, os melhores pugilista do mundo nas suas categorias.
Um combate milionário, há muito esperado e reclamado pelo mundo do boxe. Mayweather – segundo as previsões – amealhará qualquer coisa astronómica como 120 milhões de dólares (!), enquanto Pacquiao 80 milhões. A confirmarem-se as expectativas financeiras, será o combate mais caro de sempre da história do boxe. Para trás ficará, à distância de anos-luz, o famoso Evander Holyfield vs Mike Tyson II, em que cada pugilista recebeu o equivalente nos dias de hoje a 44 milhões de dólares.
Não obstante a tremenda expectativa e interesse que o combate está a despertar, é válido realçar, que o mesmo acontece um pouco tardiamente – pelo menos cinco anos. – É que  aos 38 anos, Money (Mayweather) e 36 Pac-Man (Paquiao), deixaram já para trás, o melhor das suas formas desportivas.
Mayweather, com notórios reflexos defensivos e rapidez, que o tornaram quase que inalcansável aos golpes dos adversários, mesmo quando nas cordas, derrotou grandes nome do boxe como Zab Judah, Oscar de La Hoya, Ricky Hatton, Shane Mosley, Miguel Cotto, Saúl Alvarez, etc. O norte-americano começou a mostrar sinais de vulnerabilidade em 2012, no combate contra o porto riquenho Miguel Cotto, em que foi severamente castigado, não obstante ter vencido.
Em Maio de 2014, Mayweather voltou a mostrar sinais de permeabilidade, ao experimentar grandes dificuldades no seu primeiro combate contra o argentino Marcos Maidana, sofrendo duros golpes. O último KO de Mayweather aconteceu em 2011 contra o seu compatriota descendente do México, Victor Ortiz.
Pacquiao foi um verdadeiro demolidor entre 2007 a 2011, tendo derrotado nomes lendários, e sonantes como Marco Barrera, Oscar de La Hoya, Shane Mosley,  e Ricky Hatton, Miguel Cotto, António Margarito entre outros. Entretanto colapsou estrondosamente em 2012 ao ser espetacularmente knocauteado pelo mexicano Juan Manuel Marquez. O último KO de Pac-Man aconteceu em 2009 diante de Miguel Cotto.
As negociações entre as equipas de Mayweather e Pacquiao começaram em 2009, visando o embate entre os dois pugilistas em 2010 – altura em que ambos encontravam-se em muito boa forma. – Todavia, divergências sobre o modelo de testagem anti-doping exigidos por Mayweather, e recusados por Pacquiao, privaram o mundo do boxe de ver os dois melhores pugilistas no ring mais cedo. Desta vez, o catalisador do combate aconteceu fortuitamente: os dois pugilistas assistiam a um jogo da NBA em Miami, em Janeiro 2015. Mayweather deslocou-se em direcção ao filipino e ambos conversaram sobre o combate. A noite, os dois pugilistas voltaram a encontrar-se no hotel de Pac-Man para mais conversações. O resto aconteceu facilmente por inércia, até à assinatura do acordo, anunciado por Mayweather a 20 de Fevereiro, 2015.
Ainda assim, valerá sempre ver este interessantíssimo embate entre Floyd Mayweather e Manny Pacquiao; em que Mayweather é em princípio ligeiramente favorito – sobretudo depois de vermos Pac-Man cair de bruços inanimado às mãos de Marquez.
Se vencer, Mayweather poderá silenciar definitivamente os seus detractores, que o acusam injustamente de escolher os adversários a dedo, evitando os mais perigosos. Se vencer, Floyd Mayweather deverá assinar justamente, o seu nome entre os melhores pugilistas de todos os tempos.

Décio Bettencourt Mateus.

Monday, July 8, 2013

¡ADIÓS CAMPEÓN TEÓFILO STEVENSON!*


TEÓFILO STEVENSON LAWRENCE, o lendário pugilista cubano, vencedor de três medalhas de ouro olímpicas, Munique 1972, Montreal 1976 e Moscovo 1980 – feito conseguido por apenas dois outros pugilistas, o hungaro Lázló Papp e o seu compatriota Félix Savon –; vencedor de igual número de Campeonatos Mundiais de Boxe Amador, Havana 1974, Belgrado 1978 e Reno 1986, e de outros tantos inúmeros títulos do boxe amador – tantos quantos havia por conquistar –, Teófilo o gigante de 1.90 metros de altura que dominou o boxe amador mundial nos anos 70 e meados de 80, com a sua poderosíssima direita, jogo de pernas e elegância no ring, o grande Campeão nascido em Las Tunas a 29 de Março de 1952, sucumbiu na passada segunda-feira 11 de Junho de 2012, com 60 anos de idade.

Em Janeiro de 2012 a saúde do Campeão vacilou e teve de ser internado cerca de duas semanas: um coágulo em uma das artérias próximas do coração. Teve alta; todavia não resistiu e foi “knockouteado” por uma cardiopatia isquémica que o enviou definitivamente para o outro mundo – a notícia e causas da sua morte foram avançadas pela imprensa oficial cubana.

Nos jogos olímpicos de Munique, com 20 anos de idade, Stevenson, cruzou nos quartos de final com norte-americano Duane Bobick, “a esperança branca” do pugilismo peso-pesado amador, meldalha de ouro dos jogos Pan Americanos de 1971. Bobick, que tinha derrotado Stevenson nos referidos jogos, era favorito. Todavia ante a surpresa geral, Pirolo – assim era conhecido o cubano –, depois de um início desfavorável nos dois primeiros rounds, enviou o norte-americano ao tapete três vezes no terceiro round, forçando o árbitro a interromper o combate. É um dos combates mais famosos de Teófilo. – Em pleno período da guerra fria entre o este e o oeste, e sendo Cuba um dos países da linha frente da referida guerra, não é difícil imaginar o impacto que esta e outras vitórias de Stevenson tiveram no discurso político contra “o imperialismo norte-americano”.

Depois da conquista do ouro em Munique, os caça talentos norte-americanos apercebem-se do quão dotado era o gigante cubano. Surgiram as propostas, os dólares, milhões e milhões – fala-se de até cinco milhões! –, postos na mesa para Stevenson com uma condição e um sonho: tornar-se profissional e lutar com Cassius Clay (Mohammad Ali) – os especialistas do boxe norte-americano acreditavam que o cubano tinha chances de vencer Ali. Todavia, fiel aos ideias socialistas, à Pátria, à revolução e al Comandante Fidel Castro Ruz o Campeão deitava por terra as ofertas milionárias de um Don King que não tinha dúvidas: seria fenomenal como profissional. Tem a mesma classe que Ali e Frazier. Porém Pirolo ripostava: que são os vossos milhões de dólares comparados com o amor de 8 milhões de cubanos que eu tenho? Ou ainda, não creio em profissionalismo, eu creio na revolução. Fidel Castro exultava e exaltava as virtudes patrióticas e revolucionárias do grande Campeão que demonstrava assim que nenhum dinheiro capitalista podia comprar uma consciência revolucionária.

Com o passar do tempo e o cimentar do domínio de Stevenson no boxe amador, e Ali no profissional, outras tentativas de colocarem frente a frente os dois melhores peso-pesados amador e profissional continuaram, todavia havendo sempre um obstáculo, ora porque os cubanos exigiam que o combate acontecesse sem Teófilo se converter ao profissionalismo, ora porque o número de rounds não satisfazia uma das partes, etc. A dura realidade é que escasseou o tempo e o muito ansiado desejo de milhões de fãs nunca teve lugar.

Depois de vencer tudo que havia para vencer como amador, Teofilo Stevenson Lawrence retirou-se dos rings em 1988 com 36 anos de idade, com o impressionante record de 302 vitórias e 22 derrotas.

Fora dos rings, Pirolo dedicou-se a formar e a inspirar novas gerações de pugilistas amadores cubanos, sendo Félix Savon o melhor bem sucedido, com igual número de três títulos de ouro olímpico. Por altura da sua morte era vice-presidente da Federação cubana de boxe. Todavia, passou também a dedicar-se a outra atividade: grande consumidor de bebidas alcoólicas. O seu nome passou amiúde a ser associado a escândalos por embriaguês.

A propoósito da sua morte, Fidel Castro Ruz voltou a exaltar a fidelidade revolucionária do Campeão: ningún dinero del mundo habría sobornado a Stevenson! Gloria eterna a su memoria!

Seria entretanto interessante saber se Stevenson manteve a mesma fidelidade e convicção até ao final da sua vida. A mesma convicção de que teria feito a melhor opção ao recusar o profissionalismo e com ele uma vida milionária e de glórias.

Alguns elementos: a) aquando da tentativa falhada de fuga do seu compatriota Guillermo “El Chacal” Rigondeaux, nos jogos Panamericanos do Rio de Janeiro 2009, Stevenson pediu publicamente que dessem a Rigondeaux, a oportunidade de continuar a sua carreira. El Chacal brilha nos dias de hoje no pugilismo profissional.

b) Já retirado, passou a fazer conjeturas sobre o que teria sido seu enfrentamento com Muhammad Ali. Dizia por exemplo que Ali era melhor pessoa do que pugilista. Dizia também que em três rounds ele Teófilo teria vantagem, mas em 15 rounds Ali levaria a melhor fruto da sua experiência como profissional. Em outras alturas dizia que o combate seria empate.

c) Certa vez, recordou: preparei-me muito, com muito entusiasmo e dedicação para enfrentar Clay, a quem consideravam um bom rival para mim, e com o qual havia incluso opiniões divididas sobre o possível vencedor.

d) Em uma entrevista em 2006, depois de lembrar os seus sucessos e as fracassadas negociações, exibiu uma camisa com o logótipo da WBC – World Boxing Council, uma das principais e mais prestigiada organização que rege o boxe mundial –, oferta de reconhecimento da mesma organização; vestiu orgulhosamente e desabafou: que bom teria sido ter um cinturão desta organização!, todavia, logo-logo adotou o discurso politicamente correto: mas estou feliz com os meus irmãos cubanos e o meu comandante Fidel.

Ora, não há dúvidas, longe das ideologias, das revoluções e outras mais convicções, Stevenson sonhava em subir ao ring e defrontar Ali. Sonhava com grandes combates.

Terá o álcool sido refúgio sintomático por algum reconhecimento tardio de uma decisão desacertada e uma carreira profissional voluntariamente deitada a perder por uma causa idiológica na qual acreditou?

Stevenson vs Ali duas lendas, dois mitos pararelos. Um combate que nunca aconteceu todavia continua a especular e apaixonar o mundo do boxe.

Entretanto, um combate que sempre aconteceu, de forma emocionante aquando de uma das duas visitas de Ali a Cuba em 1998 – a outra aconteceu em 1996 –, estando os dois Campeões já reformados, naturalmente. Ambos sobem ao ring em pose de combate. Ali esquece-se do mal de Parkinson que o apoquenta desde 1982 e volta a saltar, volta a dançar graciosamente como fazia nos seus belos tempos. Vai dançando a volta de Stevenson e vai atirando golpes ao ar. Stevenson está em posição de combate, observa Ali e vai também dançando, vai atirando golpes ar. No final da demonstração, os dois pugilistas abraçam-se emocionados.
Teofilo Stevenson Lawrence, um nome, uma lenda do boxe mundial.

Descanse em paz Campeón Teófilo Stevenson!

Por Décio Bettencourt Mateus.


* ARTIGO (com alterações) PUBLICADO NO SEMANÁRIO ANGOLENSE, Ediçao 471, com o título "Adeus ao campeão Teófilo Stevenson". 

Saturday, June 30, 2012

TIMOTHY BRADLEY DERROTA MANNY PACQUIAO


O pugilista norte-americano Timothy Bradley pasmou o mundo do boxe ao derrotar o filipino Manny Pacquiao, por decisão dividida (não unânime), em combate acontecido às primeiras horas de domingo, 10 de Julho – hora de Angola –, no MGM Grand Garden, Las Vegas, Nevada.

Com a vitória – verdadeiramente falando, muito contestada – Bradley destronou o filipino, conquistando o título de Campeão do Mundo WBO, categoria de welterweight. Vale recordar que Pac-Man (Pacquiao), 33 anos, considerando o melhor pugilista da atualidade – em disputa com o norte-americano Floyd Mayweather –, é o único pugilista que já conquistou títulos mundiais em oito divisões diferente, e não conhecia o amargo da derrota desde 2005, quando perdeu para Erik Morales.

Num combate muito bem disputado do ponto de vista técnico, e equilibrado, ficou-se com a impressão, findos os 12 rounds, de que a vitória pertenceria a Pac-Man, que terá tido maior domínio e aplicado os golpes mais poderosos do combate. Todavia, assim não entenderam os três júris cuja pontuação foi: 115-113, 115-113 para Bradly e 115-113 para Pacquiao. Em matéria de injustiças, estamos recordados que o último combate de Pacquiao – uma vitória por decisão maior sobre o mexicano Juan Manuel Marques –, foi igualmente muito contestado, ficando-se com a impressão que Pacquiao teria sido derrotado. O filipino conta agora no seu record profissional com 60 combates, 54 vitórias, sendo 38 KOs, 4 derrotas e dois empates.

O jovem Bradley, 28 anos, invencível em 29 combates, com 12 KOs, apresentou-se muito bem do ponto de vista físico e técnico. Não se acanhou ante a dimensão do adversário que teve pela frente e combateu com bravura e coragem o grande combate da sua carreira.

Bradley coloca assim em xeque o domínio que o norte-americano Floyd Mayweather e Manny Pacquiao têm exercido sobre a modalidade nos últimos anos, e reclama o seu espaço, o espaço de uma nova geração. Uma vitória que altera o equilíbrio da modalidade a nível de pesos médios e pode eventualmente adiar ou inviabilizar o mega combate entre Mayweather e Pacquiao.

O combate de desforra entre os dois pugilistas deverá acontecer em Novembro deste ano, altura em que Floyd Mayweather estará já fora da cadeia – Mayweather está a cumprir três meses de cadeia por ter sido culpado em acusação de violência doméstica. E então ver-se-á que Mega combate acontecerá em 2013: Mayweather vs Manny Pacquiao ou Mayweather vs Timothy Bradley.


By Décio Bettencourt Mateus.

Monday, May 7, 2012

MAYWEATHER DERROTA MIGUEL COTTO

O pugilista norte-americano, Floyd Mayweather Junior, conquistou sábado 5 de Maio, o título de Campeão do Mundo super WBA, na categoria de super welterweight (147 a 154 pounds), ao destronar o porto-riquenho Miguel Angelo Cotto.
Em combate acontecido em Las Vegas, Nevada, diante de uma assitência de cerca de 16 mil pessoas, Mayweather Junior, precisou dos 12 rounds para vergar um dificílimo Miguel Cotto, por decisão unânime, naquele que terá sido seguramente o combate mais difícil de Mayweather desde Maio de 2007, quando derrotou – na mesma categoria –, Oscar de La Hoya, por decisão repartida.

Mayweather, 35 anos, vencedor de 7 títulos mundiais em 5 categorias diferentes (super featherweight, lightweight, lightwelterweight, welterweight e super welterweight); invencível em 43 combates profissionais, com 26 KOs, dominou praticamente os cinco primeiro rounds com muita classe, com o seu jab de esquerda a abrir caminho a poderosos golpes de direita sobre o rosto do adversário. Todavia, a partir do sexto round, a estratégia de Cotto de se aproximar de Mayweather começou a resultar e por várias vezes encurralou o norte-americano às cordas atingindo-o com golpes fortíssimos.

Miguel Cotto, 31 anos, vencedor de 4 títulos mundiais em três categorias diferentes (light welterweght, welterweight e super welterweight); com 37 combates profissionais, 30 KOs e 3 derrotas, é um pugilista de elite da actualidade e seguramente um dos melhores da sua era. Até 2008, era invencível em 30 combates e falava-se já na altura, na necessidade de um embate com Mayweather. Todavia, em Julho de 2008, sofreu surpreendentemente a primeira derrota diante do mexicano António Margarido, por TKO ao 11°. round. Uma derrota que abalou profundamente os alicerces do porto-riquenho, conforme demonstraram as fracas performances alcançadas em 2009: uma vitória pouco convincente diante do ghanense Josua Clottey e finalmente a derrota demolidora por TKO ao 12°. round contra o filipino Manny Pacquiao. Entretanto, Cotto decidiu procurar o antídoto para os seus males, no veneno que o minou: um segundo combate contra o homem que o derrotou pela primeira vez, António Margarito, em Dezembro de 2011, e uma soberba e impressionate vitória. O mundo do boxe percebeu que o guerreiro demolidor estava de volta. Esta vitória reabilitou os níveis de confiança de Miguel Cotto.

Num combate extremamente difícil, Mayweather superou as dificuldades e sobreviveu, demonstrando o verdadeiro super-Campeão que é. Todavia Cotto conseguiu expor alguma vulnerabilidade do norte-americano, que do 6°. round ao final do combate, apresentou um rosto preocupantemente ensanguentado – sangrava pelo nariz –, situação incomum de se ver nele. Quiça fruto da idade que vai avançando – contra Shane Mosley em Maio de 2010, Mayweather experimentou grandes dificuldades no 2°. round: Mosley quase o levou ao tapete por duas vezes com dois poderosos golpes –; ou por ter movido para uma categoria onde não se sente muito confortável, talvez em função do peso que teve de ganhar, resultando naturalmente em menor mobilidade e rapidez de movimentos – também contra Oscar de La Hoya, Mayweather teve imensas dificuldades –, a verdade é que o invencível Mayweather vai demonstrando já, sinais de alguma vulnerabilidade.

Não obstante as dificuldades por que passou diante de um adversário destemido e valente, uma grande performance de Floyd Mayweather Jr., que provavelmente ficará nos registos na história do boxe, como um combate de referência.

Com esta vitória, o norte-americano que é também Campeão do Mundo versão WBC, na categoria de welterweight, amealhou a astronômica soma de USD 32 milhões, superando o anterior record de 30 milhões, pertença de Mike Tyson no seu segundo confronto com Evander Holyfield em Junho de 1997. A Miguel Cotto coube a fatia de USD 8 milhões.

A seguir, Mayweather vai direitinho para a cadeia – na verdade a sua detenção só foi protelada por causa deste combarte –, onde deverá ficar 90 dias, por ter sido julgado culpado em um caso de violência doméstica com a sua antiga namorada.

Depois de cumprida a pena, o mundo do boxe continuará certamente a pressionar para que o Mega-combate entre os dois melhores pugilistas da actualidade aconteça: Floyd Mayweather vs Manny Pacquiao, das Filipinas.


By Décio Bettencourt Mateus.

Tuesday, April 10, 2012

ANGOLANO TONY KIKANGA CONSERVA TÍTULO MUNDIAL (UBC) DE BOXE.



O pugilista angolano Tony Kikanga defendeu com êxito sábado, 31 de Março passado, em Luanda, o título de Campeão do Mundo de pesados-ligeiros (76.5 a 79.5 Kg), versão Conselho Universal de Boxe (UBC), derrotando o romeno Adrian Cerneaga no décimo round por Abandono. (Um resultado discutível, em nossa óptica isto é, pensamos que a vitória deveria ser por TKO. A título de exemplo, o combate de pesos-pesados entre Larry Holmes e Muhammad Ali, em 1980, em que Ali, em grande desvantagem nos rounds anteriores, recusou-se a continuar o combate depois do décimo round - portanto, abandonou o combate –, tendo o resultado final sido um TKO).

Não sendo um combate vistoso do ponto de vista técnico, e com constantes interrupções pelo árbitro, em função dos protestos do romeno que reclamava de Kikanga prática de jogadas proibidas como golpes na nuca, cabeçadas e agarrões, valeu sempre a determinação do Campeão do Mundo UBC, que desde os primeiros rounds foi pressionando Cerneaga, resultando no claro desgaste físico deste e lesões no rosto que culminaram com o seu abandono no décimo round.
É oportuno ressaltar que no terceiro round, Tony Kikanga terá sofrido uma lesão – provavelmente fractura – na mão direita, que diminuiu substancialmente o seu caudal ofensivo, todavia não inibindo a sua vontade de vencer.

Kikanga, de 39 anos, é de entre outros títulos versão TWBA, Campeão angolano em 1989 e tri-Campeão português em 1993, 1994 e 1995. Quanto ao seu palmarés, os dados de diversas fontes não só divergem largamente, como sugerem alguma confusão entre o seu percurso amador e profissional: enquanto o site português http://desporto.sapo.pt/mais_modalidades/artigo/2012/03/30/luso_angolano_tony_kicanga_defen.html atribui-lhe 38 combates profissionais, 15 vitórias, 20 derrotas, 2 empates e 1 nulo; a Televisão Pública de Angola (TPA) atribui ao mesmo, 56 combates (sem especificar se profissionais ou amadores), 44 vitórias (25 das quais por KO), 7 derrotas, 2 desqualificações e 3 nulos; outra fonte fala de modo incompleto em 77 combates como amador, 45 dos quais por KO, e 40 combates profissionais sendo 20 por KO.
Por seu lado, o romeno Adrian Carneage, de 34 anos, conta 36 combates profissionais, 25 vitórias, 9 derrotas e dois nulos.

Vale recordar que o pugilista angolano (a imprensa lusa refere-se a ele como luso-angolano), conquistou o cinturão UBC, em 2010 na cidade do Porto ao derrotar o romeno Eugen Stan, depois de duas tentativas fracassadas, em 2008 diante do polaco Kostic, e em 2009 contra o dinamarquês Andrei Zaahs.

Com certeza que uma importantíssima vitória a de Tony Kikanga, o rosto mais visível e credenciado do pugilismo angolano. Uma vitória que deverá funcionar como impulsionadora e inspiradora ao desenvolvimento da modalidade em Angola, e que esperamos, abra portas a novos campeões, de sorte que possamos ter em algum futuro, campeões mundiais angolanos nas versões da elite do boxe mundial, como a IBF, WBC, WBA, ou ainda WBO, IBO e Ring Magazine.

Parabéns Campeão Kikanga!


By Décio Bettencourt Mateus.

Tuesday, November 8, 2011

O ÚLTIMO COMBATE DE SMOKIN’ JOE FRAZIER




O norte-americano Joe Frazier, antigo Campeão do Mundo dos pesos-pesados, perdeu na madrugada de 7 de Novembro o derradeiro combate que travava contra um câncer no fígado, detectado há sensivelmente um mês. Morreu aos 67 anos de idade na sua residência em Filadélfia, Pensilvânia.

Medalha de Ouro nos olhos olímpicos de 1964, Frazier sagrou-se Campeão do Mundo WBA em 1970 ao derrotar Jimmy Ellis por TKO.

De 1971 a 1975, Frazier e Muhammad Ali lutaram três vezes, em uma das mais famosas trilogias do boxe. O primeiro embate aconteceu em 1971, sendo na altura os dois pugilistas invencíveis. Frazier com o impressionante record de 26 vitórias (23 por KO) e Ali, 31 vitórias (25 por KO). O combate foi super mediático e rotulado de “Combate do Século”. Venceu Frazier por decisão unânime, depois de ter atirado Ali ao tapete no décimo-quinto round, com o seu famoso gancho de esquerda. Foi o primeiro pugilista a derrotar Muhammad Ali. Ali desforrou-se e venceu os outros dois combates, sendo o último, “The Thrilla in Manila” o mais famoso e impressionante, com os dois pugilistas a lutarem até próximo da exaustão. Depois do décimo-quarto round, o treinador de Frazier decidiu que este não mais combateria, tal era lastimável o seu estado. Não obstante ter vencido, Ali – que no final do combate perdeu os sentidos – referir-se-ia a esta batalha, como a experiência mais próxima da morte que teve.

Smokin’ Joe Frazier – assim alcunhado por se dizer que os seus poderosos golpes fumegavam! – perderia o título em 1973, de forma humilhante diante do George Foreman que em apenas dois rounds atirou-o seis vezes ao tapete.

Retirou-se em 1980 com record de 32 vitórias (27 KOs), 4 derrotas e 1 empate. Em 1990 passou a fazer parte da International Boxing Hall of Fame. É universalmente considerado um dos dez melhores peso-pesados da história do boxe.

No leito da morte onde disputava o round final da última batalha, o Campeão recusava receber visitas, ainda que fossem um Larry Holmes, antigo Campeão do Mundo dos pesos-pesados, Rev. Jesse Jackson, etc. Concerteza não queria que o vissem perder o derradeiro combate de boxe da sua vida!

Descanse em paz Campeão Smokin’ Joe Frazier.



por Décio Bettencourt Mateus.

Friday, September 23, 2011

MAYWEATHER KO ORTIZ NO QUARTO ROUND





Floyd Mayweather Jr. prometeu que derrotaria Victor Ortiz por KO... e cumpriu! No quarto round, uma forte combinação de esquerda e direita, e o jovem Ortiz foi incapaz de responder à contagem. Mayweather conquistou assim mais um título, Campeão do Mundo WBC, categoria de Welterweight.

Todavia o KO de Floyd foi polémico, e rios de tinta está a originar. E muito mais originará. Concerteza. Foi assim:

no quarto round, Ortiz força Mayweather às cordas e lança poderosos golpes sobre este. Mayweather – é sabido –, é um mestre de reflexos apuradíssimos e esquivas impressionantes. Resumindo: apesar de nas cordas, Ortiz quase não consegue atingir Mayweather. Frustrado, o jovem Campeão perde as estribeiras e resolve as coisas à sua maneira: uma tremenda cabeçada na boca de Floyd. – Com este lamentável gesto, Victor deu sinais claros de impaciência e desespero. É que Mayweather vinha controlando o combate nos dois rounds anteriores, com fortes golpes de direita. (Este episódio não deixa de trazer à memória – se bem que em dimensão diferente – a triste mordedura de orelha de Mike Tyson a Evander Holyfield).
Joe Cortez, o árbitro, interrompe a peleja. Ortiz faz um gesto amigável a um Mayweather atónito. Cortez retira um ponto a Ortiz, como sanção. Depois os pugilistas vão para o centro do ring – onde é suposto recomeçarem a lutar –, tocam as luvas, e Ortiz vai mais longe, oferece um abraço a Mayweather. Terminado o abraço, Mayweather não perde tempo, enfia uma esquerda a Ortiz que pasmado e indefeso, olha para o árbitro. Mayweather não faz cerimónias, aplica a sua poderosa direita que leva o jovem Campeão ao tapete, de onde não consegue se levantar dentro da contagem feita pelo árbitro.

Tudo legal e limpo, dentro das regras do boxe. Quando o lendário analysta de boxe, Larry Marchant perguntou a Mayweather sobre o sucedido, este justificou-se com uma máxima do boxe: protect yourself all the time! (protege-te o tempo inteiro). Marchant não pareceu satisfeito com a justificativa, insistiu e enervou Floyd que disparou palavras sobre ele. Ora, pela resposta percebe-se o quão profissional Mayweather é! E o quanto absorveu e aplica os fundamentos do boxe.

Victor Ortiz parece ter descuidado aspectos importantes na sua preparação para este importantíssmo combate da sua carreira, substimando pormenores que se revelaram relevantes e determinaram a sua derrota:

quando Mayweather defrontou Arturo Gatti em 2005, algo semelhante sucedeu: no primeiro round, uma situação confusa, Gatti entende que o árbitro interrompeu o combate, e fica estático. Mayweather não perde tempo, golpeia Gatti com a esquerda. Este, pasmado e indefeso, olha para o árbitro. Mayweather não tem cerimónias e volta a golpeá-lo com a esquerda, atirando-o ao tapete. Todavia Gatti teve mais sorte que Ortiz, foi capaz de se levantar em tempo da contagem.

Há cerca de 16 meses – portanto no seu último combate, antes de Ortiz –, contra Shane Mosley, situação ainda semelhante: Mosley joga ilegal contra Mayweather. O árbitro repreende-o. Os dois pugilistas tocam as luvas em sinal de fair play e trocam algumas palavras. Enquanto trocam palavras, Mayweather dispara uma combinação de esquerda e direita contra um atónito Shane Mosley!

Portanto Ortiz tinha material suficiente para saber e aprender que, para Mayweather o ring não é local para beijos, abraços nem conversinhas. O ring é local para luta e troca de golpes. E foi o que Mayweather legalmente fez, golpeou Ortiz em tempo legal de luta. Nada de anormal, tudo dentro da legalidade do boxe. Ilegal mesmo foi a grande cabeçada que Ortiz frustrado aplicou a Mayweather. É claro que os amantes do fair play ficaram agastados e crucificaram Mayweather Jr. apupando-o por golpear o seu adversário em tempo de “paz”.

Uma performance soberba e lição de boxe de Mayweather Jr., que continua imbatível em 42 combates de boxe profissional, com 26 KOs. Uma perfomance que faz com que os adeptos do boxe voltem a questionar:

para quando o Mega combate Floyd Mayweather Jr. vs Manny Pacquiao?



por Décio Bettencourt Mateus